sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Blue skies



Para ler ao som de Jazz
                O show já estava quase no fim quando ele chegou. O ambiente era todo de uma azul absoluto, com pequenos pontos de luz branca.  Ao som de “blue skies”  atravessou o salão com os pés de quem já conhece o caminho, chegou até o bar e pediu:
                - Whisky duplo sem gelo- me fitou com o canto do olho e acrescentou – e pra ela, algo doce, sweet heart, talvez.
                Não fiquei surpresa, ou, comovida. Já esperava por ele.
                Era certo que vinha. Conhecíamo-nos de outra estrela, ele seria meu ápice...  Meu fim.
                Após alguns drinks, fim do show, me estendeu a mão e disse:
                -Vem!
A musicalidade dessas palavras “vem”, despertou em mim qualquer coisa como um instrumento adormecido.
E fui.
Ele me mostrou as luzes da cidade, o centro velho. Ensinou-me a ter cautela a andar em becos e ruas vazias. Mostrou-me os moradores de rua, brinquedos antigos, fogueiras. Contou-me dos amores.
Já quase amanhecia quando chegamos em seu apartamento. Fazia muito frio, como não se vê em São Paulo. Ele ligou a vitrola, acendeu a lareira, tomou mais whisky.
Enquanto acendia o fogo disse - não precisa mais de toda essa roupa – enquanto se despia e riu.
-Você realmente não presta- lhe disse sorrindo.
- E isso é um defeito?
- Não, você só precisa ficar de olhos fechados, pra que eu me lembre de quem você é e não me apaixone por seus olhos azuis.
 De olhos fechados ele me abraçou com mãos de experientes e me amou.
 Ao despertar me despedi:
-É uma coisa antiga, de natureza noturna. Nunca lhe disse que meu amor era bucólico. Disse-lhe que amava e amo coisas de natureza inconstante, me apaixono por mulheres e me deito com homens.
Ele sorriu e disse:
-Vem, fica um pouco mais.
Me fiz pelo sinal.
-Sim.
Com aquelas mão, segurou meu rosto e olhou fundo dos meus olhos, e naquele instante eu soube. Estava perdida.
Aqueles olhos...
Foi como se em algum lugar do universo um tornado atingisse uma cidade, Pandora abrira a caixa novamente, aqueles olhos sem pudor despiam de  tudo aquilo que escondia.
É frio, é quente, amargo feito vodka, entorpecente como o ópio , viciante como cocaína. Letal como overdose. Não é amor. 

 Nathália Loiola 

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Orquídeas Selvagens

Sinto saudades da tua voz
Uma voz a dedilhar minha nuca, beijar as orelhas e percorrer meus ouvidos
Eu me casaria com essa voz
Entre as folhas mortas
E todos os clichês românticos
Uma coisa antiga, outra emprestada e uma azulzinha
Me  casaria com ela
E não pediria mais nada

Nathália Loiola