domingo, 15 de março de 2015

Dama da noite

Noite
Mar de sal nos olhos
O silêncio dolorido da madrugada invade casas e corações 
A espreita dama da noite exala um cheiro fúnebre 
Meu peito estrangulado e desistente deseja o abreviar no escuro 
As paredes cá dentro e as árvores lá fora sentem sua presença 
O mar está de ressaca 
É chegada a hora de se entregar a espuma, as sereias cantam nas pedras a minha espera 
Ouço ao longe os marinheiros do velho e triste navio, aquele que nunca aportou,
As sereias intensificam seu canto berram por mim, terei o mesmo destino daqueles marinheiros 
Dos que nunca aportaram 
Já sinto as ondas em meus pés Na água fria e escura a primeira consciência de estar vivo
Treva 
Submerso pelo mar de mim as sereias me tomam nos braços 
Os marinheiros me servem rum e me contam histórias
Da saudade e do desejo de aportar
O mar se encerra em nós 
Estamos longe agora e ainda sinto a dama da noite 
Ela nos acompanhará pois somos aqueles que nunca aportaram